segunda-feira, 1 de março de 2010

SOU CIDADÃO DE SEGUNDA!!!

Sou cidadão de segunda


Não é porque voluntariamente me sinta diminuído, ou não tenha, como outros, a mesma capacidade de recepção de valores, mas sim porque me sinto relegado a esse lugar, por um sistema que invariavelmente se alheia de muitos Portugueses, especialmente dos que como eu, vivem em zonas do interior mais distante.
O meu único pecado para que me seja aplicada tal pena, é, como em muitos outros casos, residir exactamente nesse interior.
Porque são variadas as situações que me levam a tal juízo, passo a enumerar algumas:
Sinto-me Português de segunda, sempre que me é vedado ou dificultado o acesso á cultura ( Museus, Bibliotecas, Teatro, Exposições, Concertos, ou outros eventos culturais ou formas de arte, que dificilmente chegam a estas paragens, e as deslocações ás grandes cidades, onde eles por norma têm lugar, custam tempo e dinheiro de que nem sempre posso dispor.
Sou igualmente cidadão de segunda quando necessito dos serviços de saúde, pois que apesar da boa vontade do médico de família, sobrecarregado de trabalho, este nem sempre pode responder a todas as solicitações e urgências ou quando preciso de cuidados hospitalares, que nesta região apenas temos de nome.
Igualmente no aspecto medicamentoso me é dada semelhante classificação, quando por infelicidade pertenço ao regime geral (de 2ª) e sou obrigado a pagar os medicamentos mais caros que outros Portugueses.
Também, chegado á idade da reforma, sou penalizado e considerado de segunda, já que apesar de ter trinta ou quarenta anos de trabalho, não me é conferido direito á reforma por inteiro o que contrasta com outros cidadãos que nem precisam de trabalhar tantos anos e para cumulo da injustiça são promovidos á data da reforma passando a auferir reforma bem mais substancial que o salário que recebiam enquanto no activo.
Não se esgotam por aqui as razões que me levam a assumir a qualidade de cidadão menor, contudo não vou enumerar mais, por fastidioso e desnecessário.
Há porém muitas situações em que sou cidadão de corpo inteiro, pago os impostos como todos, pago IVA quase a toda a hora, na maioria dos produtos que consumo, aí sim, sou cidadão de primeira sem qualquer distinção, que é como quem diz: cidadão de primeira para os deveres e cidadão de segunda para os direitos.

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