segunda-feira, 1 de março de 2010

O MEDO

Medo



O Medo, sob as mais variadas formas, acompanha o homem, desde que toma conhecimento que existe até que deixa de o ter e se alheia de si mesmo.
Há tipos de medo próprios de cada cultura e que derivam da educação bem cedo recebida.
Todos nós somos portadores de um qualquer tipo ou grau de intensidade de medo, e negá-lo é assumir o medo de dizer a verdade.
Ainda mal sabemos onde estamos ou o que somos, já o medo nos é incutido através dos mais velhos; é o velho papão, o polícia, ou outros substantivos que de alguma forma possam travar a liberdade do ser, depois á medida que se vai crescendo, outros medos se apossam das criaturas; medo às negativas nos estudos, medo a eventuais castigos, medo aos superiores,
Chegados á idade adulta, o medo não é excluído do nosso dia-a-dia; medo á autoridade, medo á justiça, ao fisco, medo de dizer a verdade, medo a represálias, á guerra, á doença, á trovoada, á escuridão, á insegurança ou a outro qualquer atropelo.
Antes do 25 de Abril, o medo calava as vozes, os alunos tinham medo aos professores, hoje há medo às línguas demasiado afiadas e são os professores a temer os alunos.
Por medo aos assaltos, instalam-se fechaduras cada vez mais caras, sofisticadas e seguras e por variadíssimas razões de medo a vida dos cidadãos é condicionada, e moldado o seu comportamento de acordo com as situações.
Por medo, não se diz a verdade, quando pode por em causa o emprego, os amigos ou o status a que estamos habituados.
Por medo recíproco, não se desencadeou a guerra entre a URSS e os EUA, já que ambos se temiam face ao potente e temível arsenal bélico de que são possuidores.
Há ainda o medo do além, para muitos que, dependendo da crença pessoal, receiam a passagem desta vida a outro estado, seja ele qual for, há também o medo á morte e às suas consequências, medo de morrer ou de ver morrer alguém da família.
Há quem tenha medo de viajar de avião, de barco, ou até de automóvel, há quem tenha medo de se sentir fechado e quem tenha medo á claridade.
O medo não morreu com o 25 de Abril, mas continua bem vivo em milhares de situações de dependência económica ou política, pois que como antes, ainda há quem beije as botas aos superiores e lhe diga ámen a tudo, apenas e só, por medo às consequências.
Enquanto o homem tiver medo, e há muitas razões para o ter, nunca será livre.

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