A primitiva Fonte pública da Vila do Sabugal, era de chafurdo com tecto em abóbada e todo o conjunto era construído em pedra de granito como consta em várias actas de sessões da Câmara, a partir do terceiro quartel do século XIX, nas quais esta se debruça sobre o mau estado em que se encontra e da necessidade de se proceder à uma reparação, que afinal acabou por ser de destruição.
A sua localização era sensivelmente no mesmo sítio onde hoje se encontra a actual Fonte, nela saciaram a sede, gentes não só da Vila mas também de todo o concelho assim como pessoas ou negociantes de passagem.
O Dr. Joaquim Manuel Correia, a ele se refere em Memórias sobre o Concelho do Sabugal, onde não esconde a sua mágoa pelo desaparecimento de tão valioso património e apelida de “Vereação inimiga das velharias “ a Câmara que construiu o actual chafariz à custa da morte da velha fonte.
Desde pelo menos 1893 que as obras de beneficiação da fonte se sucederam, sem no entanto evitarem que viesse a ser demolida e construída a actual que data de 1904.
Em 20 de Junho de 1893 é paga a Joaquim Augusto Moreira a primeira prestação da obra da fonte no valor de 9.965 reis, “arrematação que fez no passado dia 4”, e em 20 de Julho mais 19.935 pela 2ª. e 3ª. Prestação.
Em 26 de Dezembro de 1894, por uma barra de ferro para a fonte são pagos a António Gonçalves Sapinho, serralheiro, 2.830 reis
Em 14 de Fevereiro de 1895 foram pagos a André dos Santos Moura, 70.000 reis pelo estudo e planta para a compostura e aformoseamento do Largo da Fonte e construção de um Chafariz.
O auto de arrematação destas obras ocorreu em 1 de Abril de 1895, havendo a concurso duas propostas em carta fechada: uma de José Nunes, pedreiro, residente no Sabugal, no valor de três contos de reis, outra de António Baptista, de Pinhel, no valor de dois contos duzentos e quinze mil e setecentos reis, tendo a Câmara, após duas horas, deliberado por unanimidade adjudicar as obra a António Baptista que receberia por conta das obras, em 5 de Junho, a importância de 300.000 reis.
De salientar que em 1895 a Câmara teve uma receita de dez contos, seiscentos e vinte e dois mil e 586 reis, incluídos já três contos e quinhentos mil, provenientes do Fundo de Viação Municipal, e uma despesa de aproximadamente oito contos e quinhentos mil reis, o que significa um investimento na Fonte e Chafariz em cerca de 30% do orçamento anual
Em 15 de Abril de 1895 a Câmara deliberou autorizar o Vice-Presidente José dos Reis Chorão, então a exercer a Presidência, por impedimento de Manuel Nunes Garcia, a contratar com Manuel Nabais Caldeira e Bernardino Carriço a importância a pagar pela expropriação amigável que tem de fazer-se em parte dos prédios que eles possuem no Largo da Fonte e que são necessários para a execução das obras que vão fazer-se.”
O valor pago em 6 de Agosto do mesmo ano a Bernardo Carriço foi de 180.000 reis, conforme consta nas contas do dito ano.
A Manuel Nunes Caldeira e em reunião de 3 de Junho foi proposta a troca de uma porção de terreno publico junto das Eiras da Fonte da Villa por um lameiro que o mesmo possuía junto à Fonte ficando o Presidente encarregado de o contactar e negociar a troca.
No dia 22 é feito um pagamento de 130.000 reis a Francisco de Almeida devido pela expropriação amigável de parte de um lameiro no largo da Fonte e no mesmo dia são pagos 6.840 reis a André dos Santos, empregado de obra públicas, pela fiscalização das obras da fonte e chafariz.
Em 7 de Outubro são pagos 8.500 reis ao pedreiro José Nunes pelos encanamentos junto à obra do Largo da Fonte.
No mesmo ano, a 28 de Outubro foi decidido em sessão da Câmara, expropriar de forma amigável um terreno da viúva do Dr. António Vicente Bigotte e herdeiros para alargamento do Largo da Fonte, era Presidente da Câmara o Dr. Manuel Nunes Garcia. Esta operação teve o seu epílogo em 16 de Agosto de 1898 com o pagamento de 253.093 reis ao Dr. Arnaldo de Almeida Bigotte procurador de D. Maria Carlota da Silva e herdeiros.
No dia 4 de Setembro de 1895 são pagos 15.860 reis a José Nunes, pedreiro encarregado das obras, e em 7 do mesmo mês, mais 8.500.
Em10 de Dezembro 2.400 reis a André Lucas Gonçalves por 60 litros de cimento para as obras da fonte.
Em 16 de Maio de 1899, a José Fernandes da Cunha, empregado de obras públicas, pelo exame da obra da Fonte: 7.740 reis.
A 4 de Agosto de 1899 a Câmara pagou ao Engenheiro José Maria de Mello e Matos, a importância de 58.535 reis devidos pelo exame das obras, incluindo transporte de caminho de ferro e carro desde Lisboa, incluindo transporte de instrumentos, pás e carregadores.
No dia 12 pagou a Firmino Luís pela medição das águas que procedem da nascente, 1.680 reis.
Em 28 de Outubro de 1899 foi presente na sessão de Câmara o estudo do projecto das obras da fonte publica a cargo do Engenheiro José Maria de Mello e Matos a quem foram pagos 36.000 reis em 13 de Novembro do mesmo ano, importância devida pela organização em triplicado do estudo atrás referido.
Em 10 de Novembro de 1900, devido à falta de condições higiénicas da fonte, referenciadas pelo sub delegado de saúde, a Câmara resolve fazer um desvio de verbas no valor de 160.000 reis para proceder à sua reparação.
Pela análise da água da fonte desta vila, feita em Coimbra, a Câmara pagou ao Dr. Emídio Gomes Dias e Neves em 17 de Dezembro do mesmo ano a quantia de 30.200 reis.
Em 31 do mesmo mês; despesas feitas com jornais, jeiras e cimento gastos na obra da fonte; 129.800 reis.
Em 25 de Maio de 1901 é paga a Maria do nascimento, viúva de António Baptista, a quantia de 161.740 referentes ao resto do trabalho que ele havia efectuado na construção do Chafariz.
O projecto definitivo das obras da fonte é aprovado em 8 de Junho de 1901
Em 6 de Agosto do mesmo ano são pagos 18.000 reis a Maria Amália pela renda da casa que serviu para depósito de materiais para a obra da Fonte.
No dia 22 a Artur Augusto Sampaio, condutor de obras públicas, por serviços prestados na Fonte: 8.240 reis
A arrematação das obras do novo Chafariz a área circundante, foi decidida em sessão de 29 de Agosto de 1901 sendo marcado o dia 21 do mês seguinte pelas 12 horas, para a realização do auto, no entanto e como não apareceram interessados foi de novo marcado, desta vez para o dia 12 de Outubro, acabando por acontecer o mesmo e ficando decidido marcar o dia 8 de Fevereiro de 1902 com a base de licitação de 2.036.500 reis.
À semelhança dos autos anteriores, não compareceram interessados, tendo a Câmara em sessão do dia 15 marcado novo auto para o dia 5 de Abril, o que seria feito através de Editais.
Em 19 de Julho de 1902 e após sucessivos autos sem licitantes, a Câmara decide alterar o calcetamento que orçava em 1.151.194 reis por outro tipo de pavimento que custaria apenas 280.160 reis, tendo para isso pedido autorização superior, nessa altura o total da obra orçava os 2.241.000 reis.
Na sessão da Câmara de 22 de Novembro de 1902 esta decide arrematar apenas as obras da fonte pelo preço de 1.396.900 reis, mas como ninguém se mostrou interessado subiu esse valor em 5% na reunião de 3 de Janeiro de 1903.
Porque após mais de um ano de tentativas de arrematação não apareceram interessados, a Câmara, sob a presidência do Sr. Joaquim Osório da Cunha Mesquita, resolveu, em 7 de Março de 1903, fazer a obra por administração directa, requisitando para isso ao Director de Obras Publicas um empregado competente, acontece que face à inexistência de resposta por parte desta entidade, a Câmara mandou vir da Covilhã um condutor de Obras Publicas a quem pagará mil reis por dia e abonará em cada mês um transporte desta vila à Covilhã.
Em 26 de Novembro de 1903 são pagos 36 metros de cano de 76m/m no valor de 34.750 reis e mais 85.000 a Joaquim Augusto Correia de jornais empregues na fonte.
No ano de 1904 que é a data que consta inscrita como ano da construção foram gastos, logo no dia 12 de Março 8.300 reis, pagos a Firmino Luís por obras na fonte, a Joaquim A. Correia 3.920, a António Franco 1.440 de canos e a António José Povoas 2.000 por um dia nas obras.
Em 14 de Março, a Firmino Luís, importância de pinhos e condução dos mesmos para as obras da fonte desta vila 8.300, a Joaquim A. Correia por ferro e outros utensílios 3.920, a António Franco, funileiro, importância de concertos em canos de condução da água e bicas 1.440 e a A. J. Povoas, carpinteiro, importância de madeira; 2.000 reis.
Em 14 de Maio, a Francisco de Sousa, encarregado das obras, 306.000 reis por jornais, jeiras e aguços de picos, e a António José Povoas 1.700 reis por carrinhos de mão.
No dia 16 de Julho mais 25.000 reis por obras na fonte e mais 2.000 a António José Povoas por concertos em carrinhos de mão.
No dia seguinte foram pagos 70.000 reis a Francisco de Sousa, encarregado de obras, de jornais e jeiras assim como aguços de picos 70.000 reis e J. A. Correia 20.620 de 2 barricas de cimento e uma pedra de mármore para a fonte.
No dia 7 de Julho, a Francisco de Sousa, importância de 2.000 metros de calçada e 433 metros de guia de pedra de cantaria empregues na obra da fonte; 554.800 reis e no dia 18 ao mesmo 400 mil reis, por calçadas no Largo da Fonte e no dia seguinte e ao mesmo, mais 25.000.
No mesmo dia são pagos a J.A.Correia: 88.200 reis de jornais e jeiras e a António Franco 1.400.
No dia 27, de cal hidráulica e outros 46.305 reis a Ismael Mota e a António Saraiva, pedreiro, por 14 dias a dirigir os trabalhos; 16.970.
Em 3 de Agosto, a António José Póvoas, importância de concertos em carrinhos de mão, 2.000 reis.
No dia 1 de Outubro de 1904 é autorizado o pagamento de 79.980 reis a Francisco de Sousa pela calçada grossa que fez da saída do Largo da Fonte em direcção à Devesa.
Em 5 de Novembro de 1904 foram pagos ao mesmo Francisco de Sousa 180.000 reis “pela ultimação dos trabalhos no Largo da Fonte”
Seria este pagamento, a ultima despesa feita com a fonte?
A Fonte ali está, como um monumento que já fez cem anos e onde se gastaram milhões de reis para dar qualidade de água ao povo e embora já não tenha a utilidade de outros tempos, nem as gentes de hoje bebam a água que dela jorra, ela lá continua alheia às pessoas a ao tempo e continuaria a cumprir a sua missão se os homens fossem mais responsáveis e poluíssem menos o espaço que os rodeia.
As histórias desta Fonte e Chafariz, bem como da antiga que ali existiu até finais do século XIX dariam tema suficiente para um pequeno livro, pode ser que um dia alguém ouse abalançar-se a tal tarefa, eu por mim apenas assinalo a data.
Dez 2004
quinta-feira, 18 de março de 2010
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