terça-feira, 16 de março de 2010

Ontem...e hoje?

As diferenças existentes entre o passado, seja ele recente ou distante, e o presente, levou-me a escrever estas linhas e a expressar o que penso a propósito do comportamento da sociedade e da sua evolução por vezes bastante negativa.
Ontem a água dos rios era limpa, e em alguns deles bebi, nos Verões escaldantes da minha juventude, hoje, nesses mesmos rios, a água corre de tal modo poluída, que nem a fazer natação me atreveria.
Ontem, o asseio espelhava-se no ambiente e era agradável passear pelos caminhos, estradas ou campos e qualquer espaço estava limpo para fazer um piquenique, hoje o lixo acumula-se um pouco por todo o lado e qualquer parque ou largo á beira da estrada em que estacionemos, encontra-se pejado de detritos nada convidativo a que seja ali saboreada uma pequena merenda, um lanche, ou um fugaz descanso.
Ontem, puniam-se os culpados e garantia-se a segurança do cidadão, hoje os marginais são libertados e têm por paraíso esta Nação; quem rouba pouco é detido e quem muito desvia é promovido.
Ontem, as portas, quer das residências quer dos celeiros, eram fechadas apenas com a aldraba, as fechaduras não tinham procura porque as pessoas confiavam no seu semelhante, hoje tudo é fechado a fechaduras cada vez mais sofisticadas e ninguém se sente seguro nem confiante.
Ontem a convivência era sã e as pessoas humildes e respeitadoras, hoje devido ao orgulho que mina a humanidade, ninguém precisa de ninguém e todos somos os maiores.
Também noutros tempos a palavra valia como honra de quem a proferia e valia como garantia de promessa ou compromisso que certamente seria cumprido, hoje a língua é demasiado afiada, promete-se, jura-se, mas no que toca a cumprimento todos sabemos o que se passa, salvo raras excepções como em tudo o mais.
Podiam ser analfabetos os nossos antepassados, mas eram educados e respeitadores, hoje apesar de abundarem os bacharéis, licenciados, mestres, doutores, etc., nem por isso a educação acompanhou a formação académica, o que pode ser verificado a partir dos nossos políticos, cujo exemplo em vez de formar, degrada.
Ontem o comunitarismo era real e vivido em muitas das nossas aldeias, a entre ajuda fazia parte da cultura do povo, hoje, o individualismo é como que uma religião que cada qual professa á sua maneira.
Ontem, ao políticos cortavam fitas, aquando das inaugurações, hoje, para não copiarem,
descerram bandeiras e destapam placas comemorativas com o seu nome.
Ontem, as Mães de família, coziam o seu pão e confeccionavam os alimentos com os produtos que a família produzia quase em exclusivo, hoje, que quase tudo compramos feito e á vista das ditas melhorias ou manipulações genéticas dos alimentos cuja proveniência desconhecemos, que estaremos nós a comer?
Ontem, os mais pobres e necessitados de cultivar um pedaço de terra para sustento da família, tomavam por arrendamento parcelas de terreno, obrigando-se a dar três partes da colheita ao proprietário, quedando para eles apenas um quarto dessa produção, hoje há quem dê a terra de modo gratuito e não há quem a cultive.
Ontem, as Igrejas estavam cheias em sinal de fé, ainda que um pouco baseada no medo que era incutido nas crianças, por muitos pais e sacerdotes, hoje, uma fé mais assente no amor, vemos pela presença nas igrejas semi vazias, o baixo conceito em que esse amor é tido.
Ontem, eu ainda sou desse tempo, partia-se uma sardinha para dois e a comida era como que racionada, mas ainda assim as pessoas eram alegres, honestas e nem para comer roubavam,
Hoje, quase todos de barriga cheia, a maioria dos roubos são feitos para sustentar vícios que a sociedade não é capaz de debelar.
Ontem, o respeito era uma constante, quer no seio familiar, quer quanto a professores, mestres ou autoridades, hoje não há respeito por nada nem por ninguém e as crianças que noutros tempos eram dóceis, submissas e respeitadoras, são hoje, na sua maioria, rebeldes e usam uma linguajem que faria corar alguns adultos de outras eras.
Ontem, o vinho foi culpado e condenado por todos os males de trânsito deste país e contra ele foi lançada uma campanha injusta por parte de alguns governantes, hoje, é promovido e vendido whisky e outras bebidas espirituosas como se de um chá se tratasse sem que as autoridades abram o bico em contrário.
Ontem vivia-se a menos de metade da velocidade que se vive hoje, desde o arar a terra aos transportes, comunicações ou outros tipos de produção e o homem tinha tempo para tudo, contudo hoje, e apesar de todas as comodidades, facilidades e velocidades, o homem diz que não tem tempo, porquê?
Ontem, os nossos jovens eram sãos, sem vícios, trabalhadores, hoje muitos caem na droga, destroem a vida, sua e dos seus, enquanto os grandes barões traficantes se passeiam intocáveis prontos a aliciar os simples e incautos para o seu mundo sujo, onde só o dinheiro conta e a vida dos outros nada vale.
Ontem, as notícias eram transmitidas como informação, hoje uma grande maioria são fabricadas para vender jornais ou ter mais audição televisiva.
Ontem, quer dizer noutros tempos, a lei era imposta pela força muscular, o que ainda acontece na maioria do reino animal, hoje no homem a lei é imposta por quem tem dinheiro e pode comprar armas, ainda que seja um parasita, doente ou desequilibrado mental e o planeta pode muito bem ficar á mercê de um desses loucos e vir a sofrer as consequências que podem ser irremediáveis.
Ontem era assim, hoje é como é, e amanhã, como será?

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