Os dois maiores valores, com que se pode medir ou avaliar o comportamento de uma sociedade, são o respeito e o medo. Se esses princípios forem ignorados ou banidos da convivência entre as pessoas ou povos, podemos estar no limiar de uma situação caótica em que apenas vale a lei da força, animalesca...ou bélica.
Sem pretender divagar sobre outros assuntos igualmente preocupantes e que ocupariam um número infindável de páginas, atrevo-me hoje a escrever o que penso acerca da vaga de incêndios, diga-se já esperada, que assola e devasta o País um pouco por todo o lado, sem que se vislumbre a mais pequena réstia de esperança numa solução definitiva.
Sei que não há um remédio milagroso que resolva a situação de um dia para o outro, como sei quanto ineficazes têm sido os meios utilizados para por fim a tal flagelo já que quanto mais dinheiro se injecta no combate ao fogo, mais se alimenta o negócio que dele advém, que parece estar constituído ou a tornar-se institucional.
Muitos dos incêndios, são provocados e acelerados pela falta de limpeza das matas, limpeza que os governantes de hoje só não promovem, porque isso lhe faz lembrar o passado, talvez porque no tempo de Salazar não havia fogos, as matas eram limpas periodicamente, ainda que apenas á força braçal, e hoje, apenas por pura demagogia nada do que fez Salazar pode ser copiado, ainda que tenha sido efectivamente positivo.
Com os meios mecânicos, hoje existentes e disponíveis em número mais que suficiente para um trabalho útil, rápido e rentável, a limpeza só não é realizada por meras razões políticas em prejuízo da economia da Nação.
Outro grande número de incêndios tem origem criminosa, e são provocados porque há falta de respeito pelo património e pelas pessoas, e é neste aspecto que do meu ponto de vista, penso que a política de sensibilização seguida, alertando as pessoas para o perigo dos incêndios e para os cuidados a ter para os evitar, falhou, sendo assim, resta como ultima solução a repressão ou a punição para quem comete tais atentados.
A verdade é que os governantes são demasiado liberais em legislar no que toca a muitos dos nossos valores e comportamentos, que quase deixam á mercê da consciência individual de cada um, porém quando toca a arrecadar impostos, usam mão dura e pesada para quem não cumpre, então porque não usam o mesmo método ou principio sensibilizativo neste caso e não deixam o seu cumprimento á livre consciência de cada um? A medida seria justa se compararmos a relativa importância das áreas em questão, mas nós sabemos que os impostos se pagam não por respeito para com um sistema que esbanja continua e inutilmente os milhões do contribuinte, mas sim por medo, medo ao relaxe ou á cobrança coerciva, assim, estão dois valores em questão: o respeito e o medo, e se um não resulta, resulta o outro, logo, é inaceitável a contínua passividade dos responsáveis que teimam em seguir políticas e estratégias provadamente ineficazes e inúteis que acabarão por permitir a destruição do nosso património florestal com as suas desastrosas e talvez fatais consequências.
Se não há respeito e ninguém tem medo, aonde nos levará o futuro?
Agosto de 2000
quinta-feira, 18 de março de 2010
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