segunda-feira, 1 de março de 2010

A GUERRA

A guerra

São incontáveis as guerras que o homem provocou, viveu e sofreu, como incontáveis e incalculáveis os prejuízos, físicos e morais que delas advieram.
Desde que o homem começou a memorizar para a posteridade os seus actos quotidianos, isto é a historiar, a guerra esteve e continua a estar presente na sua vida porquê?
Que razão move o homem a fazer guerra a outro homem?
Até aqui julgava-se e aceitava-se que as guerras eram por norma feitas em nome da ambição de uns em relação á riqueza ou ao território de outros, mas hoje constatamos que o princípio que leva o homem a matar outro ser humano é o ódio, ódio esse tantas vezes motivado pela inveja, pela impotência pela menoridade intelectual, ou pelas mentes depravadas, que actuam na sombra de forma cobarde sem declaração de guerra, mas fazendo-a de facto.
A intolerância, principalmente a religiosa, é outra das razões que levam á guerra e a história está cheia de casos que podemos considerar horríveis e indignos aqueles que as provocaram.
Desde os tempos bíblicos e até hoje, esse fenómeno tem estado presente e activo numa zona específica do globo, o Médio Oriente, mas é de temer que alastre a nível global e desencadeie uma incontrolável vaga de guerras localizadas ou mesmo uma 3ª guerra mundial que pode ter as mais nefastas e apocalípticas consequências.
A guerra mata e desvirtua o homem, destrói e vandaliza o património, no entanto ninguém é capaz de lhe pôr termo por longo prazo, mas se é verdade que a guerra está nas mãos do homem e é ele que pode decidir o combate, também a paz dele depende, apenas terá de escolher e colher as dores que a primeira lhe oferece ou as alegrias que a segunda lhe proporciona, ele mesmo ditará o seu futuro.
Desde tempos bastante recuados que temos conhecimento da existência de tratados de paz, e milhares deles foram firmados ao longo da história, mas logo uma ou ambas as partes se apressaram a violar o conteúdo desses documentos e a encetar as hostilidades sem olhar às consequências desastrosas de tal conduta.
Erasmo de Roterdão, filósofo que viveu em fins do século XV e princípios do século XVI não se cansou de reprovar a propensão do homem para a guerra e escreveu: As guerras que os homens fazem contra outros homens deviam antes fazê-las contra os vícios, mas com estes estão hoje de boas avenças. A propósito da guerra santa, que já então era incitada por alguns responsáveis auto intitulados condutores de homens, disse: Há quem aplauda, quem elogie, quem chame santa a uma actividade mais que infernal. E continuou pondo na boca da natureza o seguinte interrogação: Que perversa divindade abastardou a minha obra? Que feiticeira encantou a mente humana e lhe deu uma forma bestial? Continuando, Erasmo escreveu ainda o seguinte lamento feito em nome da paz e dirigido ao homem: Que te ocorreu, para que te tornasses uma fera desumana, que nenhuma fera a partir de agora será considerada fera se comparada com o homem?
Ainda a propósito de guerra disse Nietzsche em Zaratustra. Não basta saber utilizar bem o sabre, é preciso saber a quem se fere! e não resisto a deixar aqui uma última frase atribuída ao poeta Sílio Itálico que viveu no princípio do primeiro milénio: A paz é a melhor das coisas que ao homem deu a natureza. Eu apenas posso acrescentar: cultive-se então a paz.

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