O lixo está hoje presente na nossa vida, como não o esteve em outra qualquer época da história humana, e somos nós todos, para além dos únicos culpados, também as vítimas da degradação contínua e da aceleração negativa que se vai projectando na qualidade do ar que respiramos e da água que bebemos.
É á beira dos caminhos ou estradas, dos rios, ribeiros e suas margens, nas ruas e parques de muitas cidades e até nas zonas menos acessíveis e ditas protegidas, aí se encontra disperso o lixo e sucata, desvirtuando a paisagem e tornando desagradável o que devia ser um deleite para quem procura desfrutar da natureza.
Portugal já foi um jardim acolhedor, onde o prazer de passear era uma realidade, era verde e as flores cobriam grande parte dos seus campos, mas hoje em vez de neles plantarmos flores estamos a degrada-lo com toda a espécie de lixo.
Não aponto responsáveis pela situação aberrante a que estamos chegando, ou pela tragédia que se avizinha, pois a todos nos cabe uma quota-parte dessa culpa, quer pela produção exagerada de lixo, quer pelo errado destino que por vezes lhe damos, no entanto, cabe aos governantes, legislar e encontrar soluções que atenuem ou minimizem os efeitos agressivos do lixo e da poluição, isto se forem capazes de sacudir o jugo e a dependência em que se encontram face às grandes multinacionais que tudo controlam e dominam com a mira apenas no lucro fácil e cada vez maior.
Construir e pôr a funcionar estações de tratamento e incineração, não vai acabar com a origem da poluição, vai apenas transformar um veneno existente, noutro talvez mais perigoso e de efeitos incalculáveis. O que é verdadeiramente necessário, é diminuir a produção de lixo e diminuir as fontes de poluição; encontrar formas mais viáveis de comercialização, no que concerne a embalagens, e á qualidade da matéria-prima que as compõe, voltar á tara recuperável, revolucionar os combustíveis, procurando e incentivando as energias limpas e renováveis, etc. e isto, custe a quem custar.
Certamente dirão que os preços dos produtos sofrerão um acréscimo, mas então não é o mesmo povo que paga, ainda que indirectamente os custos das lixeiras e da recolha e tratamento do lixo?
Se pagar mais por um artigo não poluente, não estará a reduzir a produção de lixo a diminuir a poluição e a investir no futuro?
Nós, geração de fim e princípio de outro milénio, poluímos mais nas últimas três décadas, do que outras gerações o fizeram em milénios, e se não formos capazes de encontrar solução para inverter a tendência, estaremos a caminhar para o precipício apocalíptico e legaremos aos nossos descendentes, em vez de um mundo limpo e um ar respirável, talvez apenas um caixote de lixo e uma atmosfera estéril e enferma.
Não pretendo com o que acabo de expressar, ser pessimista nem alarmista, mas realista tenho que ser, e não posso pensar de outro modo a menos que com argumentos validos me convençam do contrário.
O futuro depende de nós, e se não lutarmos por ele, ele não existirá. 2007
terça-feira, 16 de março de 2010
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