quinta-feira, 18 de março de 2010

Ser e fazer Soito

A propósito do artigo do Professor Aristides, onde com alguma mágoa, lança um alerta sobre o alheamento dos Soitenses acerca dos problemas da sua terra, devo dizer que, sem partidarismos, subscrevo uma grande parte do seu artigo, convicto de que a maioria dos habitantes, comungarão de igual sentimento.
Já no número dois deste jornal, em Setembro de 1998, bem como no número 21, de Abril de 2000, fiz referências e chamadas de atenção semelhantes, que foram estéreis, pois nenhum impacto produziram nos leitores.
A verdade é que o Soito está hoje transformado num arquipélago de ilhas de costas voltadas, cujos habitantes, divididos não sei porquê, perderam o sentido de comunidade e julgam bom aquilo que fazem, eles ou os seus amigos, e olham com desconfiança e desaprovação aquilo que tem fonte em sectores de cor partidária diferente.
Se tivermos em conta que um povo é um corpo e que todos os elementos que o compõem são essenciais à sua existência, desempenhando cada um o seu papel, facilmente depreenderemos que na falha de um, ou mais deles, todo o conjunto se ressentirá e caminhará para o colapso.
Constatamos em grande parte da população, um comodismo crescente e um alheamento das Instituições, como se não fossem suas, seja do Jornal, das Associações ou de outro qualquer movimento cívico, negando a participação efectiva, mas por outro lado criticando, sem conhecimento, tudo o que se fez ou faz.
Há já cerca de dois anos, numa Assembleia da A.C.D., chamei a atenção para o facto de que a maioria dos “cérebros”, a massa cinzenta do Soito, estar fora da nossa terra; dispersos um pouco por todo o País, temos centenas de Bacharéis, Licenciados, Mestres, Doutores, obviamente pessoas muito mais cultas do que eu e algumas altamente colocadas, que podiam contribuir para o progresso do Soito, no entanto, quando nos visitam, não lhe damos a mínima importância, por vezes nem os cumprimentamos e assim, desmotivados, vão perdendo o amor às raízes.
Sei que, frente a essas destacadas figuras, ninguém se deve julgar subserviente e assumir-se como inferior, mas sei que podemos ser mais humildes e pedir a sua cooperação em projectos que julguemos de interesse colectivo para o bem do Soito.
É verdade que alguns desses filhos do Soito, tentaram fazer o melhor pela sua terra e avançaram até com projectos, porém, devido à nossa falta de cooperação, principalmente daqueles que mais obrigação tinham de os apoiar, desiludidos, cederam à apatia generalizada e simplesmente esqueceram os projectos iniciados.
Está provado que um povo não pode estar à espera que o Governo, a Câmara ou a Junta, sob passos de magia, resolva os seus problemas e acuda aos seus anseios, sem ele mesmo dar o primeiro passo, mas também é verdade que dado esse primeiro passo rumo a um caminho que se pretende o melhor, devemos dar apoio e continuar até à meta sem desânimo, saltando se for preciso, o fosso que separa o poder instituído do povo real e que às vezes bem sentimos.
Ainda quanto à participação no Jornal, que devia ser mais SOITO, tenho contribuído desde os primeiros números com artigos de opinião, e outros, certo de que tenho, dentro dos meus limitados conhecimentos, dado a minha quota-parte, pena é que a “doença” de que sofrem muitos Soitenses, a indiferença, esteja tão enraizada na mente de tantos que “tudo sabem e nada fazem” e que a Junta se tenha também acomodado a este formato que deixa muito a desejar e precisa evoluir.
Todos sabemos que é preciso melhorar o Jornal, mas todos estamos à espera que outros o façam, eu continuarei a dar o meu limitado contributo na esperança que outros, muito mais capazes, se atrevam também a dar algum do seu tempo e saber e o partilhem com os seus concidadãos, para isso também a Junta deve cumprir a sua missão que é convidar potenciais participantes a pôr no Jornal as ideias que defendem e os ideais com que sonham, só assim teremos um “SOITO” digno à altura das exigências do povo.
Na minha qualidade de folha já amarelecida desta grande árvore que é o Soito, apelo a todos aqueles, que no vigor da idade e na plenitude do saber, (as folhas verdes) não deixem murchar mais a esperança deste povo e usem algumas das faculdades de que são portadores em benefício da sua terra.
2005

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