quinta-feira, 18 de março de 2010

160 anos da freguesia (civil) dos Foios

Embora a povoação dos Foios, desde há muitos anos atrás, constituísse uma freguesia eclesiástica, foi, por virtude do Decreto de 18 de Julho de 1835 e face à criação das Juntas de Paróquia, anexada a vale de Espinho a partir de 14 de Setembro de 1836 “devido a carecer de número suficiente de indivíduos aptos para aver na mesma freguesia Junta e Comissão, a Câmara acordou em que a freguesia de Foios ficasse anexa de Vale de Espinho para semelhante fim e para ali votarem e serem votados.”
A dependência durou até 1845, pois, descontentes com o modo como eram tratados, os “Fogeiros” decidiram tornar-se independentes e apresentaram a sua pretensão ao Concelho do Distrito em 8 de Julho desse ano o qual através do Governo Civil envia em 24 do mesmo mês um ofício à Câmara do Sabugal onde transcreve a dita pretensão nos seguintes termos: “Foi presente ao Concelho do Distrito huma representação de moradores do lugar dos Foios, concelho do Sabugal pedindo que assim como o referido lugar constitui uma Freguesia Eclesiástica e independente de Val de Espinho, lhe seja também concedido terem as autoridades Administrativas e Parochiais em separado da referida freguesia de Val de Espinho, a cujo respeito acordou o concelho, que a mencionada representação seja remetida à Câmara respectiva, não só para que informe acerca do seu objecto a respeito da conveniência ou inconveniência para o serviço Público na referida pretenção, mas também a respeito do número de fregueses que na Paróquia dos representantes se poderão recensear, como abeis para servirem e desempenharem os Empregos que se pretendem criar.”
Este ofício foi lido em sessão de Câmara realizada no dia 18 de Outubro a qual acordou em pedir ao Reverendo Pároco dos Foios que mande uma nota onde declare quantos fogos tem a freguesia, assim como os cidadãos que na dita Freguesia souberem ler, escrever e contar a estarem presentes na sessão do dia 28 de Outubro.
Nesse dia compareceram quinze desses cidadãos, que assinaram a acta.
Em 9 de Novembro, diz a Câmara: está esta Câmara convencida que muito convém ao serviço público, interesses da Fazenda Nacional do concelho, que a dita Freguesia dos Foios se separe da de Val de Espinho até mesmo pela opressão e vexames de que os representantes se queixam, tendo além disso setenta e três fogos, maior número este do que tem a Freguesia da Ruvina, que sempre tem sido Freguesia Civil…
Em 8 de Dezembro a Câmara designa o dia vinte e um desse mês para a realização de eleições da Junta da Paróquia e Juiz eleito
Conforme acta de 1 de Novembro de 1846 a Câmara nomeia para Juízes; Thomáz Martins, José Esteves Júnior e José Nunes, para membros da Paróquia: José Nunes e José Neves e para Guardas rurais: Manuel Afonso Neto e João Afonso Baltazar.
Nas primeiras eleições foram eleitos: para Juízes; Manuel Afonso, Theotónio de Lª e João Pinheiro. Para a Junta da Paróquia; Clemente Martins e Francisco Lopes e para Guardas Rurais: Manuel Mendes da Clara e Domingos Fernandes Nabais.
Com apenas 10 fogos em meados do século XVIII, os Foios cresceram e têm mantido a sua população a níveis mais estáveis do que alguns povos que eram muito mais populosos.
De referir que segundo o Censo de 2001, esta freguesia, com 410 habitantes residentes, ocupa a 11ª posição no total das 40 freguesias do concelho, logo atrás de Alfaiates que aparece com 419 e à frente de Aldeia do Bispo com 395.
Com 954 residentes presentes em 1940, os Foios perderam 57% da população, taxa inferior à média do concelho que se cifra em cerca de 65%.

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