sexta-feira, 4 de março de 2011

Geração à rasca!!!

Geração à rasca
(Geração à rasca é um produto de duas gerações de governantes rascas que lhe hipotecaram o futuro apesar de ser uma das mais qualificadas da nossa história)
Todos conhecemos as dificuldades com que se deparam os nossos jovens licenciados, que, após duas décadas de estudo e formação, se vêm frustrados e sem expectativas de emprego.
São algumas dezenas de milhares, muitos sem qualquer direito ao subsídio de desemprego e com o futuro adiado ou mesmo condicionado por uma seita de governantes que os ignoram, continuando a manter milhares de bois e afilhados com duas ou mais ocupações muitos deles reformados que acumulam remunerações chorudas e outros privilégios imorais e indignos de um país onde os responsáveis acenam com a bandeira da justiça social e da ética republicana, figuras que não passam de um exercício de retórica enganadora.
Enquanto aqueles que adulam ou são subservientes perante o poder instalado, para além de bons cargos e melhores salários, no país ou na CE, ainda têm assento em milhares de lugares de acessória ou consultoria, (não por razões de competência, mas tendo apenas por mérito a cor política) de onde “sacam” mais uns largos milhares de Euros, vivendo uma vida faustosa, os nossos jovens, desiludidos, não sabem para que lado está o futuro, porque lhes é roubado o lugar a que têm direito na renovação e construção do seu país e continuam a viver sem recursos ou sujeitos à “esmola” dos progenitores.
Se é verdade que este problema não se resolve com um milagre, também é verdade que não há vontade que esse milagre aconteça. Porque razão há dezenas de milhares de cidadãos reformados que continuam a trabalhar, na mesma ou noutra actividade, e a acumular reforma e vencimento? Porque estarão estes “tubarões” a roubar o lugar que moralmente lhes não pertence? Que fazem os governantes em prol do artigo 13 da Constituição que juraram defender? E o artigo 58 para que serve? E a alínea d) do artigo 9?
É triste ouvir falar de Constituição e ver que quem a viola mais são aqueles que mais a deviam defender e pôr em prática. A Constituição não é só composta pelos artigos que interessam aos “senhores” do poder, e neste poder está incluída a Assembleia da Republica, cujos agentes, ou não a leram, ou não lhe interessa cumprir nem fazer cumprir o seu conteúdo.
Os nossos jovens têm direito à indignação, porque por menos… esta frase foi dita!!!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Utilizador/Pagador?

UTILIZADOR/ PAGADOR

A A25 não é uma auto-estrada de raiz, ela foi construída em parte sobre a IP5, logo, tem apenas uma via, já que a outra é a IP5 que o Estado roubou ao povo que a tinha pago.
Assim, o Estado não tem autoridade moral para impor portagens nesta via, porque falhou, tanto na programação como na sua projecção e construção.
Não é justo nem admissível que, aqueles que tanto defenderam as Scuts, venham agora taxar este meio de comunicação, essencial ao desenvolvimento de uma das mais desfavorecidas regiões do país, com portagem alegando o falso princípio do utilizador/pagador que neste caso se assemelha a uma fraude, porque é defraudado que o povo desta região se sente.
Posso até estar de acordo com esta figura, (do utilizador/pagador) se ela fosse abrangente a todos os casos semelhantes, o que não é o caso, porque se eu for obrigado a pagar por uma estrada que utilizo, a A25, com que direito o mesmo Estado me obriga a pagar por serviços que não utilizo? Nunca utilizei os serviços da TAP e sou obrigado a pagar, Não utilizo o Metro de Lisboa, ou do Porto, e sou obrigado a pagar, não viajo de comboio e participo nas despesas da CP, Não viajo na Carris e também pago, não bebo água das Águas de Portugal e pago e a maioria do povo paga por serviços que não utiliza nem nunca utilizou, logo, este alegado princípio não tem razão de ser porque não é aplicado de modo horizontal: penaliza uns e privilegia outros.
No meu entender, todas as autarquias servidas pela A25 (meia IP5) se deviam concertar no sentido de um protesto colectivo contra as portagens numa via cuja alternativa foi destruída ou ocupada pela A25.

Ticarlos 1 de Março de 2011

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

QUE CULTURA?

Que cultura?

Fala-se muito em cultura, inventam-se Capitais culturais, promovem-se concertos, exposições, feiras do livro e outros eventos semelhantes, mas quanto deste movimento chega aos cidadãos dos povos do interior?
O Estado, através do Ministério da Cultura, subsidia com centenas de milhares de contos, programas ditos culturais mas que disso não têm mais que o dito, ou quando o têm, apenas uma pequena parcela do povo a eles pode ter acesso, já que eu e um número incontável de cidadãos, porque aldeões das regiões mais distantes, de nada beneficiamos, conquanto comparticipemos neles financeiramente ao cumprirmos as nossas obrigações fiscais.
É lamentável que o Estado atribua anualmente, a pretexto de incentivar a cultura, chorudas verbas, retiradas do cofre comum, a quem nada de válido produz e que apenas vive para sugar o suor alheio.
Não estará assim o Governo a sustentar uns quantos parasitas que nada de culto nos oferecem, em prejuízo dos que realmente anseiam pela cultura e se querem valorizar?
Apenas um exemplo: os livros não deveriam ser taxados com IVA.
Há quem renegue o passado e se recuse a aceitar que nele tenha havido algo de bom, não sou saudosista, o passado é o passado, no entanto não posso deixar de lembrar os responsáveis para o facto, claro e positivo, de que durante algumas décadas, todas as aldeias eram servidas pelas Bibliotecas ambulantes da Gulbenkian e todos tínhamos acesso gratuito aos livros de que a mesma dispunha, quer para estudo, quer para consulta, comodamente instalados cada um em sua casa, mas não sei porquê esse serviço foi extinto e assim retirado, aos povos mais distantes, o único meio de cultura visível e aproveitável de que poderiam dispôr.
Praticamente comecei a ler quando em 1966, e devido aos poucos afazeres que tinha, como militar adido no velho Regimento de Infantaria da Guarda, me decidi a ir á Biblioteca da Gulbenkian, então instalada junto á Sé, saber se podia trazer os livros para o Quartel, como a resposta foi positiva, iniciei uma fase distinta da minha vida, lendo história, geografia, ciências sociais e alguns clássicos, e mesmo após a passagem á disponibilidade não interrompi a ligação á biblioteca, já que esta, Segunda feira sim Segunda feira não, estava no Soito á disposição dos leitores, até que um dia foi-se e não mais apareceu.
Devo o pouco que aprendi para cá da primária, mais á Gulbenkian do que ao nosso sistema de ensino.
Hoje compro e leio livros, mas pago-os, já que o Estado em vez de subsidiar este tipo de material, taxa-o, desincentivando e restringindo deste modo a leitura e impondo assim limitações àqueles que querem aumentar os seus conhecimentos.
Em meu entender, todos os livros, cuja matéria seja considerada de interesse pedagógico, ou que de algum modo sirvam para elevar o saber dos leitores, devem beneficiar de descontos especiais e ainda ser oficialmente incentivada e promovida a sua leitura, não é justo que o imposto, hoje neles debitado, vá depois parar ao bolso de um qualquer afilhado dos senhores que controlam a cultura deste país,
o teatro ou da musica.
Á semelhança de outras vertentes da cultura, o teatro e a musica raramente chegam às nossas aldeias e quando acontecem são em geral pagos pelo povo através de comissões de festas ou organizações análogas, porém, esse não é o teatro e a musica de cariz cultural porque se anseia, mas sim o comercial, ainda que afecto aos legítimos interesses dos interpretes, aliás, neste tipo de cultura o Estado não disponde um centavo, pelo contrário arrecada o imposto com que o taxa.
Apenas há uma excepção: é quando recebemos por alturas de campanha eleitoral, alguns actores que são os políticos quando aqui vêm representar os seus papéis e que às vezes até nos dão música de graça.
Exposições e Museus:
Com regularidade e alguma frequência são feitas exposições sobre os mais variados assuntos nas grandes cidades, algumas programadas por entidades oficiais, mas mais uma vez os povos do interior são esquecidos, quanto aos museus, para além de se situarem fisicamente distantes, dificilmente quem trabalha os pode visitar, pois nos seus dias livres, a maioria deles estão fechados.
Se a todos os cidadãos é garantido o direito á cultura, esse direito deve ser expresso de maneira material, pondo á sua disposição os elementos existentes e possíveis.
De entre as várias soluções para que a cultura possa chegar a todos, porque não faz o Estado como algumas grandes superfícies comerciais que na impossibilidade de deslocar o espaço até aos povos, os transporta ou faz transportar gratuitamente até eles?

sábado, 29 de janeiro de 2011

INÈRCIA

Pelo tipo de comportamento de um povo, pode avaliar-se o todo de um país e concluir que as diferenças não são significativas.
O povo, e eu não me excluo desse povo, usando apenas a lingua ou a pena, queixa-se, critica, inveja e revolta-se contra tudo e contra quase todos, mas age como se fosse um asno a quem é fácil colocar albarda, arreios e carga, e em pouco, ou quase nada, reage fisicamente.
Temos vindo a assistir, desde há alguns largos anos, embora não fosse muito diferente ao longo da história, fosse qual fosse o sistema de governo no poder, a uma diminuição da pessoa como gente, que vê cada vez mais reduzidos os seus direitos à excepção do uso da critica, que normalmente é destrutiva.
Vejamos algumas situações alarmantes que tombam cada vez mais para o lado negativo: Os salários reais têm vindo a encolher. A segurança no emprego é cada vez mais uma miragem. A segurança de pessoas e bens nunca, em tempos de paz, desceu aos preocupantes níveis de hoje. A justiça, funciona, quando funciona, a uma velocidade que faz lembrar as locomotivas a vapor ou os candeeiros a petróleo, em resultado de legislação errada e beneficiadora dos réus, (dos que têm dinheiro para usar essas leis) A publicidade é cada vez mais enganosa e ninguém a controla. Os preços dos bens essenciais sobem em percentagens sempre superiores aos salários ou ás reformas da classe média ou baixa. As reformas e salários dos politicos e seus compadres ou afilhados, são cada vez mais avultadas em relação ás migalhas que a generalidade do povo recebe como esmola. Os desempregados são cada vez mais, mas há cada vez mais gente da política com duas, três ou mais ocupações acumulando as respectivas remunerações. Um emigrante que tenha descontado neste país e no de acolhimento é penalizado na hora da reforma enquanto os portugueses de primeira são promovidos á data da reforma para auferirem valores superiores aos que tinham no activo e muitos acumulam reformas sem que se lhes retire um centimo. Não há dinheiro para aumentar as pequenas reformas, mas há centenas de milhões para manter “instituições” cujos gestores, impunemente, não se cansaram de esbanjar, arruinando-as ou levando-as à falencia. As reformas dos contribuintes do regime geral não podem ultrapassar os 80% do salario, mas alguns portugueses, os tais de primeira, recebem valores superiores àqueles que recebiam enquanto no activo.
É cada vez maior o numero de parasitas que vivem à custa de quem trabalha e que o próprio Estado apoia, defende e privilegia.
Perante estas situações escandalosas, o povo aceita, submete-se, acomoda-se, quase vegeta e continua a fazer vénia ao poder, daí que, possivelmente, num futuro bem próximo, se não reagir e vencer a inércia, carregará a albarda e a carga e até o direito a urrar lhe será tirado.
Verdadeiras continuam as palavras de Guerra Junqueiro em Finis Patria:

E o povo? Inerte. E o Rei? À caça.
Quem é que impera? O Deus Milhão...
Ah! como é bom em tumba escassa,
Longe do Sol que vê tal raça,
Dormir, dormir na escuridão.

Justiça???

JUSTIÇA?
Todos, ou quase todos, nos queixamos do modo como funciona a justiça e de como a morosidade, os enredos em que é envolvida e as insuficiências ou a permissividade das leis, limitam os agentes judiciários ou até os impedem de julgar com justiça e equidade.
É sabido como os grandes processos, que envolvem gente com capacidade económica ou influencia política, são arrastados, muitas vezes indefinidamente até à prescrição, ou como são usados todos os estratagemas possíveis e imaginários, para evitar que sejam levados ao fim, enquanto os pequenos delitos são sancionados com uma celeridade doentia e duvidosa apenas porque os “réus” não têm capacidade para contratar um batalhão de advogados de elite, o que é permitido a quem tem dinheiro, gerando-se assim uma injustiça que os responsáveis pela tutela nem sequer admitem ou pensam alterar.
Mas teremos nós razão para nos queixarmos da justiça que é feita pelos agentes que estão de tal tarefa incumbidos?
Seremos nós justos na avaliação que fazemos do outro, que até vive ao nosso lado, que conhecemos, e tantas vezes condenamos, sem provas e sem o ouvir, apenas baseados na palavra de um qualquer boateiro que movido pela maldade ou pela inveja se permite denegrir a imagem alheia?
Não assumimos nós, muitas vezes, em simultâneo, o lugar de acusador público e de juiz, condenando sem provas e sem permitir ao “réu” qualquer argumentação em sua defesa?
Queixamo-nos da justiça que temos e pessoalmente entendo que temos razão, mas essa razão desaparece quando vestimos a toga e nos auto-investimos de poderes de sentenciar como se fossemos uns pequenos reis, donos e senhores da justiça e da verdade.
Podemos conhecer um cidadão há três ou quatro décadas, saber que sempre foi correcto, saber que nunca nos ofendeu, foi sempre nosso amigo, mas basta o veneno (só o bebe quem quer) dum seguidor de Éris, para desencadear o ódio e daí as nefastas consequências que podem resultar: de amigo ser considerado inimigo sem que nada tenha feito para passar de um extremo ao outro.
Seria bom que todos usássemos a língua com moderação e meditássemos nas palavras que ditamos. Zenob dizia:” aonde vais língua? Salvar ou destruir a cidade?”. Na verdade a língua tanto pode fomentar a paz como fazer a guerra, é um rastilho que pode fazer explodir o mundo, mas também tem culpa o ouvido que aceita a maledicência como verdade.
Enquanto houver agentes do mal a semear boatos, mentiras, fabricar intrigas, e quem nisso acredite, nunca haverá paz nas famílias e por arrastamento…no mundo!!!

15 de Janeiro de 2011

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Revolução e liberdade!!!

Revolução e Liberdade

Vão comemorar-se 43 anos, sobre a data em que se realizou a revolução do 25 de Abril e é tempo de fazer um balanço do que de positivo, ou negativo, esse dia trouxe aos cidadãos deste País.
Claro que não sou nem me arvoro em comentador de causas políticas, mas tenho ideias, conceitos e conhecimento de causa que muitos dos Portugueses não têm, já que á data da revolução eu já contava com mais de trinta anos de vida.
Foi de louvar a atitude do povo, educado e respeitador, que á data, procedeu com maturidade, frente a alguns interesses porventura obscuros e apoiou sem reservas a revolução dos cravos, se fosse hoje, seria igual?
A revolução (dizem) foi feita pelo povo e para ao povo dar benefícios e direitos, o que a meu ver, hoje não corresponde á verdade, pois se pesarmos os prós e os contras não sei para que lado cairá o prato da balança.
Uma revolução tira regalias a uns para as dar a outros, mas apenas às classes governantes pois que jamais povo algum no Mundo obteve dividendos de qualquer revolução.
Antes não se podiam comentar nem criticar as ideias ou as posições dos representantes do Estado, já que eles seriam os únicos donos da verdade, hoje podemos fazer isso, mas de que vale o homem poder falar, se a sua ideia ou projecto não é sequer ouvida nem tida em conta pelos políticos que continuam como dantes a fazer igual ou pior e só o que bem entendem.
O povo é sempre apontado pelos políticos como sendo a razão da sua luta, mas isso não passa de pura demagogia e todos nós o sabemos perfeitamente.
A liberdade que alguns apregoam, será mesmo liberdade, ou não passará de libertinagem ou semi anarquia, onde uns quantos violam os direitos de muitos mais em seu benefício pessoal ou familiar?
A liberdade só existe se existir direito, segurança e justiça, o que não está minimamente garantido, porque uns poucos continuam a ter regalias, imunidades e a usufruir de privilégios, enquanto a maioria do povo continua a ser explorada e tratada como gente de segunda classe.
Se liberdade é haver quem legisle para si próprio, salários e reformas astronómicas, vivendo uma vida faustosa, e dar esmolas de sobrevivência e miséria ao povo.
Será justo e democratico, num país dito moderno e socialista (de nome) haver quem ganhe num ano tanto como o que um cidadão a ganhar o salário mínimo nacional ganharia em 500 anos?
Se liberdade é promover ou tolerar a violência, os vícios, a droga, a calúnia, a corrupção, o saque de valores pessoais ou nacionais e o derrube dos valores morais, então o conceito que tenho de liberdade está errado.
É ou não verdade que muitas vezes é dada protecção a criminosos, como se cometer um crime fosse um direito ou para isso lhe fosse dada liberdade, enquanto as vítimas são ignoradas e esquecidas no tempo?
As Associações para defender réus e criminosos, proliferam com nomes sonantes mas quantas existem para defender as vítimas?
Termino por dizer que pouco vale a um cidadão poder falar e ter liberdade de expressão, enquanto houver direitos que não lhe são garantidos, como sejam a segurança, a saúde e principalmente a dignidade ou a honra, hoje tão escamoteadas.
Para terminar: Que valor tem hoje a vida de um cidadão, comparando com 30 ou 40 anos atrás? Meditem!!!!
Fevereiro de 2017

quinta-feira, 18 de março de 2010

ENVELHECIMENTO DA NAÇÃO

Durante o percurso das Nações ao longo da história, momentos houve em que algumas delas se sentiram despovoadas e a envelhecer devido ao desequilíbrio numérico entre jovens e idosos, motivado por calamidades, naturais ou provocadas, principalmente pelas guerras, e isso preocupava os governantes que eram obrigados a legislar no sentido de modificar o rumo das coisas.
Sabemos que em 1940 havia em Portugal 20 idosos para cada 100 jovens e em 2001 a relação já era de 107 para 100, situação problemática mais que suficiente para preocupar as entidades governamentais no sentido da busca de soluções e apresentação de medidas que conduzam a um retrocesso neste caminho que pode levar à agonia um povo ou uma raça inteira o que já não seria inédito.
Já na antiga Roma, e segundo Montesquieu em “Do Espírito das Leis”, principalmente nos tempos de César, Augusto e Tácito, e perante situações semelhantes, fizeram-se publicar leis tendentes a aumentar os nascimentos: eram premiados aqueles que tivessem mais filhos; tinham lugar reservado no teatro, eram os primeiros a receber honras e os que tivessem três filhos estavam isentos de todos os tributos pessoais.
Havia incentivos do Estado para levar os homens e as mulheres ao casamento e a terem filhos mas também havia penalizações: as mulheres solteiras ou viúvas com menos de 45 anos e sem filhos; estavam proibidas de usar pedras preciosas ou de se servirem de uma liteira, o que de algum modo servia para as pressionar a ter filhos situação da qual lhe adviriam algumas regalias.
A Lei Romana dava aos maridos ou ás mulheres que sobrevivessem ao conjugue, isto é, ás pessoas viúvas em idade de ter filhos, o prazo de dois anos para contrair novo casamento e aos divorciados apenas um ano e meio.
Eram as famosas leis Julias, que embora hoje não possam na sua totalidade ser postas em prática, contêm muito de positivo e sobre cujo conteúdo, os nossos legisladores deveriam reflectir.
O problema não se resolve com medidas avulso tomadas por esta ou aquela autarquia mais sensibilizada para a questão, são necessárias medidas de fundo, de política nacional e, à semelhança do que acontece em casos difíceis, criar grupos de trabalho que envolvam políticos, sociólogos, legisladores, juristas, etc. para que apresentem sugestões.
Se nada for feito a breve prazo, o país afundar-se-á enquanto o legislador dorme, sendo certo que dentro de algumas décadas os portugueses de raiz serão uma minoria dentro do seu próprio país, tornando-se súbditos de culturas ou valores importados que lhes são alheios.
Dizia ainda Montesquieu, “a cidade não são os edifícios, são os homens quem a forma”, ora vemos hoje centenas de aldeias e vilas do interior que há cinquenta anos estavam cheias de vida, habitadas por uma população reduzida (alguns povos perderam 80% dos habitantes, ou mais) e envelhecida, o que pode levar a que dentro de poucas décadas se transformem em autênticos ermos onde apenas vaguearão os fantasmas do passado.
(No caso especifico do nosso concelho (Sabugal) que em 1940 tinha 41.909 residentes, passou em 2001 para 14.871 o que significa uma perda de 65%, contando-se, como já foi dito, algumas freguesias que perderam 80% da sua população.
A própria sede de concelho que tinha 3.050 habitantes, viu o seu número reduzido para 2.174 o que implica uma redução de 28%.
Se atendermos aos números fornecidos pela estatística e tendo em conta que os 35% de habitantes que restam no concelho (em relação a 1940) são na sua maioria idosos, fácil será adivinhar o futuro a menos que alguém, possuidor de uma varinha mágica, inverta o processo que há algumas décadas vem devorando a nossa população de modo a que volte a haver vida nova suficiente para equilibrar a relação nascimento/óbito.)
Na ausência de soluções naturais, poderemos a médio prazo, caso não haja outra opção, confrontarmo-nos com a manipulação genética do ser e a fecundação de embriões por métodos anti-naturais, (coisas que a ciência é já capaz de fazer) o que pode conduzir a uma ainda maior ou total desumanização da sociedade, pôr em causa a civilização tal como hoje a vivemos e entrarmos num futuro tão fantástico como perigoso.
Jun 2006